sexta-feira, 5 de fevereiro de 2016

COMEÇANDO PELO COMEÇO: GESTÃO DO CAPITAL HUMANO


Por Tony Figueiredo

Na gestão do setor saúde, entende-se que a produção depende de estrutura física, material e tecnológica disponível e da existência de profissionais qualificados e motivados para transformar esses recursos em resultados. A dimensão humana no ambiente da qualidade é considerada o centro das atenções, imprescindível na execução e gerenciamento dos processos, no desenvolvimento do clima organizacional e manutenção de um ambiente cooperativo, na satisfação dos clientes e no sucesso da instituição.(1,2) A Figura 1, a seguir, mostra características essenciais à produção nas organizações.(3) 
Figura 1. Características essenciais à produção nas organizações.  
Fonte: Construção do autor, 2014.

Ao longo de mais de 20 anos como enfermeiro assistencial em unidades de atendimento de maior complexidade, líder de equipe com especialização na área de Terapia Intensiva Cardiovascular e em Administração Hospitalar, responsável pelo gerenciamento do cuidado direto ao paciente, pude observar que vários fatores relacionados à gestão do capital humano em enfermagem influenciam diretamente no desempenho da equipe e na qualidade da assistência prestada. Alguns fatores estão diretamente relacionados  à qualidade dos próprios gerentes, como: falta de incentivos salariais aos cargos de gerência e a não exigência de qualificação na área de administração para o desempenho da função, o que favorece a atividade por profissionais nem sempre tão bem preparados.(3)
Já outros fatores estão mais diretamente relacionados ao modelo de gestão, como: ausência de um modelo gerencial bem definido, atualizado e participativo; a não utilização de indicadores de forma sistematizada, o que torna mais difícil trabalhar com dados precisos e fidedignos como subsídio às tomadas de decisão.(4) A Figura 2 mostra a síntese destes problemas.(3)
Figura 2. Problemas na gestão do capital humano de enfermagem.  
Fonte: Construção do autor, 2014. 

Destacam-se alguns problemas institucionais relacionados à gestão do capital humano de enfermagem: quantitativo inadequado de profissionais, quando relacionado à carga de trabalho nas unidades, o que gera sobrecarga e piora da qualidade de vida no trabalho (QVT), aumentando as taxas de absenteísmo; o pouco incentivo e investimento em programas e atividades de qualificação, capacitação e desenvolvimento profissional, demanda em assistência de qualidade questionável, levando consequentemente à baixa qualidade e desvalorização do trabalho realizado.(4) 
Ainda neste aspecto, no âmbito dos serviços públicos de saúde, há precarização do trabalho, assim como a reposição inadequada de pessoal permanente, com a substituição por profissionais com contrato de trabalho temporário, com divergências de escalas de trabalho, de carga horária, de salário e direitos trabalhistas. E, ainda, o fato de que concursos para atividades temporárias não são atrativos para profissionais mais experientes e qualificados.(4) Todos estes fatores levam à insatisfação, desmotivação e enfraquecimento da autonomia e qualidade profissional. A Figura 3 apresenta a síntese destes problemas.(3)                                                      
Figura 3. Problemas institucionais do capital humano de enfermagem. 
Fonte: Construção do autor, 2014.

No âmbito da gestão do capital humano, a informação adequada e confiável, obtida em tempo hábil e na forma correta, é reconhecida como um dos mais importantes recursos para a tomada de decisão. Indicadores relacionados à assistência são amplamente utilizados pela American Nursing Association (ANA) para avaliação da qualidade da assistência de enfermagem. No entanto, indicadores de gestão para avaliar da qualidade no gerenciamento do capital humano de enfermagem, ainda são pouco utilizados .(5)

Referências:
1- Scalco SV, Lacerda JT, Calvo MCM. Modelo para avaliação da gestão de recursos humanos em saúde. Cad Saúde Pública. 2010 mar.; 26(3): 603-14. 
2- Leitão RER, Kurcgant P. Qualidade na prática gerencial da enfermagem. Niterói (RJ): Intertexto; 2004.
3- Figueiredo, TO. Construção do software “sistema de indicadores de gestão do capital humano de enfermagem em cenário hospitalar” - estudo metodológico /Dissertação Mestrado - Universidade Federal Fluminense – Rio de Janeiro: [s.n.], 2014.126 f.
4- Conselho Nacional de Secretários de Saúde (BR). A Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde. Brasília: CONASS; 2011. 120 p. (Coleção Para Entender a Gestão do SUS 2011, 9).
5- Kurcgant P, Melleiro MM, Tronchin DMR. Indicadores para avaliação de qualidade do gerenciamento de recursos humanos em enfermagem. Rev. Bras. Enferm. 2008 Set/Out; 61(5):539-44.

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